terça-feira, 27 de novembro de 2012

cortar o cabelo, cortar as saudades

cortar o cabelo.
cortar as saudades.
estou aqui e nada mudou. só se for para pior
todos se queixam e me relatam o menos que têm e o mais que podiam ter.
olho-os triste e contente por, por enquanto, eu ter mais e não ter menos do que podia ter.
os meses, os dias, que aqui não estive, parecem às vezes horas e às vezes anos.
as gargalhadas no meio de uma suporbock e de uns tremoços, são de ontem, o recordar da partida é de há anos.
e corto as saudades com a mesma navalha que cortei o cabelo.
não mudo muito, só um aparo e, na realidade, está tudo na mesma, mas mais curto, nestas minhas viagens a lisboa.
 

sábado, 10 de novembro de 2012

Cenários de histórias

Ando pelos cenários do livro que ando a ler.
Passeio pelo Born e sento-me na Igreja de Santa Maria del Mar.

Sentada nos degraus da Igreja de Santa Maria del Mar, estava uma rapariga, de lenço ao pescoço e ipod nos ouvidos. Não parecia estar a pensar em nada. Estava distraída a olhar para os vendedores de coisas que brilham e se atiram ao ar. Estava com medo que uma dessas coisas, que no ar parecem muito interessantes e na mão são de plástico barato, lhe caísse em cima. Não reparou no rapaz que a observava do outro lado da praça. 
Ele aproximou-se, consultava ela, mais uma vez, o telemóvel.
Habituada a perguntas sobre horas, compras estranhas, não estranhou quando ele lhe pediu, ainda antes do olá, desculpa por a estar a incomodar. Respondeu que não, e olhou-o com cara de pergunta. Já quase pronta a dizer-lhe as horas em catalão, como tinha aprendido no dia anterior. Ele sorriu e perguntou-lhe, simplesmente, se ela achava que ele estava bem.
Falava um espanhol limpo, sem vestigios de sotaques estranhos, mas ela mesmo assim não percebeu,
bem como?
Ele apontou a roupa, o cabelo. Tudo, disse ele, encolhendo os ombros. Se estou bem.
Não soube o que lhe responder. Estava bem, sim. E queria saber as horas?
Ele respondeu que não, que tinha uma coisa combinada, que sabia que ainda era cedo, mas estava nervoso. Ela passou os olhos pela praça e procurou o motivo do atraso dele e o da espera dela.
Ele, com o que bem que estava, e que tinha sido confirmado por ela, decidiu continuar as perguntas.
Avançou entre gostos, trabalhos e locais da cidade. Passou por bares e museus. Admirou-se por ela conhecer a maioria e, decidido, disse-lhe que havia um que ela não podia conhecer.
Propôs-lhe que lá fossem. Ela voltou a olhar para as coisas brilhantes, uma caiu aos pés dos dois. Perguntou-lhe pelo motivo da espera dele e da necessidade em estar bem. 
Ele disse que ainda era cedo, que havia de chegar, e voltou a perguntar se a podia levar lá. Sorriu.
Ela disse que ia pensar. 
Ele disse que ia gostar. 
Trocaram números de telemóvel e dois beijos.
A amiga dela chegou e a dele não.
Despediram-se, ela corada, ele a agradecer e a sorrir.
Ela não olhou para trás, mas um dia depois tinha uma mensagem no telemóvel.

Sentada nos degraus em frente à Santa Maria del Mar estou nos cenários do livro que ando a ler.

domingo, 4 de novembro de 2012

um cigarro por um beijo

Já é novembro e já choveu e já fez frio.
Já se comeram as melhores batatas bravas do mundo, que arrancam sempre à lisboeta os sorrisos e lhe devolvem o acento castelhano que perde de quando em quando.
Já se encontrou uma marca de cerveja preferida, com sabor a café.
Já se discutiu política, música e mulheres, homens e filhos, casamentos e viagens. Tudo na mesma noite.

Ela é séria e ele é calado.
estão na mesa ao lado da minha,
ela está muito séria de mãos no colo, fala pouco, mas ele olha-a sempre que ela abre a boca.
pedem a cerveja preferida, ela sugere-lhe as batatas bravas que podem não ser as melhores mas serão igualmente boas. falam de vidas, de família, e ela tira a mão do colo e ele começa a olhá-la mesmo quando ela está calada.
ele faz um cigarro de enrolar, ela pede-lho.
ele diz-lhe: só se me deres um beijo.
ela hesita, ri-se, põe de novo as mãos no colo, e diz-lhe que sim, mas só porque lhe apetece mesmo fumar.
ele aproxima-se. ela vê-lhe as pestanas que nunca tinha visto, as unhas cortadas rente e os dedos compridos. tudo numa fracção de segundo antes do beijo.
ele não consegue manter-se nos lábios dela e dá-lhe uma mão, com a outra faz-lhe uma festa no ombro.
ela ri-se no meio do beijo.
lembra-se que está em público, no café onde vai algumas vezes, contrai-se e afasta-se ligeiramente.
ele afasta-se de sorriso nos lábios, estende-lhe o cigarro e o sorriso.
começam a falar do porquê das mãos dela no colo, do porquê da troca de beijos por cigarros.
ela agora está calada, falando entre entre o fumo do cigarro, que se apaga de segundos em segundos.
ele desabafa, pede desculpa, o beijo-lhe desatou-lhe o nó, a ela trouxe-lhe medo de já não estar zangada.
os minutos passam, mais cervejas, mais mãos que se tocam. por fim muitos sorrisos.
pedem a conta, paga ele, ainda que ela insista que não, que paga ela, que dividem.
ele chama-lhe feminista, ela chama-lhe comunista. não são insultos, são elogios.

saem muito encostados, o peso das cervejas nas pernas. ela disse-lhe, baixinho, ao ouvido, antes de se levantarem, vamos para minha casa? ele disse-lhe que sim, e rodeou-lhe os ombros com o braço.

estavam na mesa ao lado da minha.
saíram menos sérios e menos calados.  

domingo, 21 de outubro de 2012

Tudo sobre a minha mãe

em Barcelona há sempre o que fazer.
mesmo em dias chuvosos há cafés com gente, há gente que não fecha os para-águas e há calor, mesmo em Outubro.
depois de andar quilómetros todos os dias, uma lisboeta já com hábitos de "barcelonesa", decide ficar um sábado á noite em casa. o primeiro depois de vários, o primeiro em que apesar das sugestões típicas de Barcelona, decide simplesmente ficar.
escolhe um filme e decide recordar um sobre Barcelona que já tinha visto há muitos anos, na altura sem qualquer tipo de reconhecimento das ruas agora tão familiares.
acende a luz pequena que tem no quarto, deita-se na cama e começa a ver "todo sobre mi madre". 
afinal lembra-se da história e agora lembra-se das ruas onde passou há apenas umas horas.
o fim-de-semana passado esteve na Barceloneta, hoje na Plaça Catalunya, há uns dias em frente à Sagrada Família.
e num sábado à noite, chuvoso, comove-se novamente com as cenas com mais de dez anos, mas agora mais familiares.
findo o filme, olha-se ao espelho e ri-se. tem os olhos e a cara manchada do rímel, do lápis preto e da sombra. ia sair mas, afinal, no sábado á noite, o primeiro em muito tempo, ficou em casa, comovida, com a agora sua Barcelona. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

ideiais tão perto

estou aqui, estou mesmo aqui.
agora que todos por aí se reúnem em demandas que (me) pareciam esquecidas.
há dias, numa esplanada de Barcelona, expliquei e relatei como cresci com ideais bonitos na cabeça.
que se lutarmos o mundo é melhor.
que todos somos iguais.
que o povo unido pode tudo.
contei que sempre ouvi tudo, discuti tudo, admirei pessoas e li livros. expliquei como foi e como percebi, por fim, o que devia ter sido.
contei que mais de 30 anos depois, e depois dos meus 30 anos, me desiludi.
Valores, os bonitos, os da luta, estavam esquecidos ou acomodados.
e agora estou aqui, estou mesmo aqui, e o meu país insurge-se, finalmente.
quando a classe política me desilude, me incomoda, ouço-vos gritar, cantar, pedir e exigir.
deixam de estar escondidos, perdem a vergonha, largam o comodismo.
agora que estou aqui, mesmo aqui, explico de orgulho na voz que os meus ideais, já não fantasmas, ganham corpo, e mesmo a mais de mil quilómetros de distância, sinto-me tanto aqui como aí!  


sábado, 22 de setembro de 2012

flamenco e utopia!

sentada, nem pensar.
quieta, muito menos.
os pelos dos braços arrepiados, os pés a bater no chão, o sorriso permanente.
flamenco!
perfeito, coordenado, com paixão, com calor, com sentimento, com gritos que saem dos pés, das mãos, das pernas e dos peitos.
é impossível que se encoste na cadeira da sala de espectáculos. em vão, tenta comportar-se, não se contém e diz em voz alta os mesmos aplausos que bate com as mãos.
flamenco!
levanta-se quando os bailarinos se aproximam, bate palmas sem o ritmo que eles ainda trazem nos cabelos transpirados, nas camisas desfraldadas e nos sorrisos ainda com som.
sai da sala, para a cidade em festa, segura e certa, que vai aprender aquela dança vermelha, quente, que é também a Barcelona que agora em si soa.  

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

cama com cheiro a móvel sueco

deita-se na cama nova que ainda cheira à loja de moveis suecos.
a primeira cama era baixa e cheirava aos mais de 50 anos que tinha. era a cama de criança, mas já vinha de muito antes.
mais tarde, deitava-se numa cama. grande, enorme, de casal.
mais tarde ainda, numa individual, pequena, que rangia, mesmo no silêncio dos sonhos.
Agora  esta, a nova, cheira a móveis suecos. 
tem um rebordo que está disfarçado debaixo de uma colcha colorida. ainda sem se adaptar à cama nova, que cheira à loja de moveis suecos e à sua colcha que tudo tapa, bate com as pernas distraídas nas esquinas da cama,
anda com as pernas negras,
anda com as pernas com feridas da cama nova,
todos os dias, a cada nova batidela, promete-se ter mais cuidado, mas todos os dias a colcha tapa as esquinas de cheiro sueco e nova marca cai na perna.
hoje deita-se na cama, massaja a nódoa negra. ri-se de as fazer na cama e promete, mais uma, vez ter mais cuidado.

sábado, 8 de setembro de 2012

Ali...

Ela saiu de casa. tinha a mala cheia de lixo, tabaco, chaves de casa e o telemóvel não.
saiu de casa e foi cheirar as ruas.
levava nos pés os olhos de lisboa e caminhava com os olhos postos em Barcelona.
sentou-se, o coração a bater muito, a sorrir de ansiedade.
saudades misturadas com curiosidade.
voltar não, mas se ao menos pudesse passar só a noite de sábado ali.
ligar-lhe-ia e iam beber uma cerveja.
ali.
ligar-lhe-ia e ia tocar-lhe no braço quando se cumprimentassem.
ali.
iria comer a comida caseira, ouvir as mesmas palavras e rir das mesmas piadas.
ali.
estaria na sua casa, com os seus pés em lisboa e com os olhos em Barcelona. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Quatro semanas!

Quatro semanas de Barna!
Quatro super semanas em que se montou "solita" um movel do ikea, se comprou um abençoado ventilador, se descobriu um novo caminho para chegar ao trabalho mais calma e tranquilamente.
Quatro semanas de pôr a mão na massa no trabalho, começar a ser mais enérgica e ficar feliz com os resultados.
Quatro semanas de muitas horas a falar espanhol, a perceber poc a poc o catalão e a receber mimos em português! 
E quatro semanas de cinemas, jantares, copos, mojitos, acompanhada e sozinha!
Agora nesta varanda perfeita vejo as luzes da Plaça de España, a lua lá em cima do Castelo de Monjuic e aprecio a primeira noite mais fresquita desde que cheguei!
Amanhã vou para o país Basco! Terra de pinchos, de cañas e de praias secretas!
E foram quatro semanas que se podem repetir todos os meses! 

domingo, 19 de agosto de 2012

Em busca de silêncio em Barcelona

Em Barcelona está imenso calor.
Um calor que cola, que transpira.
Mas em Barcelona há sempre gente na rua, há sempre movimento. 
Quando me deito, de janela aberta, por causa deste calor que cola e transpira, oiço a cidade respirar.
Sejam duas, sejam cinco, sejam oito, ouve-se sempre um burburinho ao longe, um ritmo constante de uma Barcelona em movimento.
Faço parte do bulício. Saio, passeio, vejo e pergunto. 
Falam-me sempre em catalão, pedem-me indicações e já tenho dois ou três lugares de eleição para apenas estar.
Longe deste barulho e no silêncio (que nem a casa, nem um sexto andar, com jardim por trás me dão)  encontro a livraria La Central. Insisto em dizer o nome em inglês, o que faz rir, mas em inglês ou em espanhol é um lugar perfeito. Enorme, com chão de madeira ou de azulejos, paredes cheias de estantes e um café perdido no meio de livros. Um secção de livros portugueses, uma enorme de catalães que me pedem que os compre, ainda que pouco ou nada os entenda. 
E nos meus fins de dia, de regresso a casa, pela Barcelona mais calma, mas não silenciosa, faço um desvio, vou à calle Mallorca, entro na livraria e peço aos livros catalães que esperem, só mais um pouquinho, que um dia els llegiré! 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Barcelona fica-me bem

"Barcelona fica-me bem" disse uma lisboeta, num Outono pouco remoto, a descer a via Laietana.
Hoje, no Verão do ano seguinte, sabe que Barcelona lhe fica muito mesmo bem.
De olhos postos nas calles, nos prédios, nas caras e nos cheiros sente-se bem.
Sabe que é assim porque com uns convidados especiais soube levá-los ao melhor que a cidade tem.
E qual perfeita cicerone levou-os às bombas com calamares na bela Barceloneta. Virou duas ruas, atravessou duas passadeiras e sorriu contente por ter encontrado o restaurante do Outono passado. Pediu cañas com à vontade e contou e fez novas histórias de bons momentos ali passados.
E nos dias seguintes novas proezas, em ruas todas parecidas, chegou ao bairro da Grácia e foi dar, directa e direita, ao restaurante das excelentes tapas.  E sugeriu, e conversou e soube que até há catalães que vão viver para Portugal para namorar...
E depois, já com ajuda de mapas, encontrou Passeigs de Grácia, Ramblas Catalunya, Plaças de Espanya e tantas outras coisas. Viu Monserrat, desceu a pique em Cadaqués e comeu mais tapas e bebeu mais cañas.
Um Outono passou, um Inverno inteiro, o Verão vai a meio, mas a Barcelona que raramente dorme, que nunca está silenciosa, cada vez fica melhor à lisboeta...



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

the best is yet to come!

uma semana de Barcelona!
uma semana a falar em castellano, a tentar entender o catalá, a ensinar o português!
uma semana a respirar este ar de Barcelona, este calor húmido que faz lembrar um país tropical.
uma semana de Barcelona com direito a umas danças de lindy, "cerca de la playa de Barcelona!", a acabar a noite a comer pan amb tomaca e tantos outros petiscos.
uma semana de fins de tarde na varanda com vista para o castelo de monjuic, para o jardim que tenho aos meus pés.
uma semana de muitas conversas pelo maravilhoso skype, conversas que quase matam as saudades que crescem devagar, as saudades que só são abafadas pela sensação que tudo é novo, que tudo é bom e que os amigos, à distância de um clique, estão aqui mesmo ao lado.
assim termina uma semana, tão melhor do que o imaginado.


e o melhor ainda está por vir... assim o espero!

terça-feira, 31 de julho de 2012

Barcelona em sentido contrário

São 8 e meia da manhã em Barcelona. Há gente descontraída a caminho do trabalho.
Já há turistas de máquina em punho.
Já tenho que me desviar de pessos em sentido contrário, do trânsito pedestre.
Saio de casa sempre demasiado apressada, chego sempre demasiado cedo.
Mas com o passar dos dias vou-me demorando mais a atravessar a Plaça da Universitat, vou demorando mais a chegar à Plaça Catalunya e cada vez atravesso mais devagar as Ramblas.
Em Barcelona são 6 e meia da tarde. Há imensa gente descontraída a caminho de casa.
O trânsito de pessoas continua, os turistas também e demoro-me cada vez mais no caminho de regresso a casa. Espreito as montras, entro nas lojas diferentes. Decido ir beber um cortado, ou tallat, e sento-me numa esplanada a ver quem passa.
E é a mesma Barcelona das 8 e meia, mas agora em sentido contrário.


domingo, 29 de julho de 2012

Longing to Belong

A data: 3 de Agosto.
Os planos: lisboeta na Zambujeira do Mar ou lisboeta em Barcelona.
A escolha: lisboeta em Barcelona!
Depois dos atrasos, da espera, da comitiva carinhosa que me acompanhou no check-in, finalmente o autocarro que me levou ao avião. No exacto momento em que arrancou, a minha revista explicava o que vinha um Eddie Vedder fazer à Zambujeira do Mar, nesse mesmo momento o meu ipod reproduzia o mesmo Eddie Vedder a cantar "longing to belong".
Turistas de Lisboa para Barcelona, turistas de regresso a casa e uma lisboeta, já não turista, que não vai à Zambujeira, que não vai ver o Eddie Vedder, mas vai para casa?!


domingo, 22 de julho de 2012

Sol em Lisboa

Até breve Lisboa.
Despeço-me ti nas filas de trânsito, no rio Tejo ao fundo, no cheiro a sardinha, nas pessoas calmas e no calor de Julho.
Até breve Lisboa, na semana que me sobra antes de deixares de ser a minha casa...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Trocitos de Barcelona?

E os fiapos de Lisboa têm que mudar de nome... ou não?
Podem ser fiapos de Lisboa em Barcelona? Fiapos de Barcelona? ("trocitos", "rincones"?)
Mas a lisboeta vai sair da sua cidade.
Vai comer bombas, beber cañas, passear nas ramblas, mergulhar no Mar Mediterrâneo e trocar o "obrigada" pelo "gracias" ou  pelo "merci" (em catalão!)!
Vai cheirar novos cheiros, ver novas cores, provar novos sabores, falar outra língua e dançar outras danças .
Não vai passear nas ruas silenciosas, quase desertas de Lisboa, mas vai andar depressa para se desviar nas ruas movimentadas de Barcelona.
E vai trocar o Lindy Hop no Ateneu por umas aulas numa das muitas escolas da capital da Catalunha.
Esta lisboeta não sabe como vai passar sem o pastel de natal, sem o Sr. Esteves no Bairro, sem os passeios azuis e brancos, sem isto tudo que é ser português e lisboeta.. 
Mas sabe que vai tentar e vai continuar a contar, algures neste mundo que é a internet, a excelente experiência que vai ser passar a ser uma lisboeta catalana!
Vale?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Vencer!

Eu gosto de futebol.
Sei o que é um fora de jogo, um contra ataque e sei se é fora ou canto.
Eu vejo futebol como uma menina: grito, berro, mando-os correr e digo muitos "ai" ou "oh pa!". 
Não me sento, grito golo (desafinada) e digo mal de um ou dois jogadores de quem não gosto!

E ontem foi o Portugal - República Checa.
Um arraial de bairro, ali na Pena, ali no Campo Mártires da Pátria.
Cervejas, chouriço, gritos e asneiras, bifanas, farturas, mais gritos e asneiras, música pimba, música brasileira, gritos e imensas asneiras e, no fim, saltos e abraços!
E todos ficámos felizes como se ganhar um jogo de futebol fosse a promessa de um futuro melhor!
E toda a Lisboa se levantou do sofá, largou a lamuria e foi gritar para a rua.
O português é contido, é sério, mas no futebol revela-se! Encara os obstáculos, atira-se, perde a cabeça e desconcentra-se, depois respira fundo e avança... e no fim acaba por vencer!
Espero continuemos assim, no futebol e em tudo! 


segunda-feira, 11 de junho de 2012

com um brilhozinho nos olhos!

E ontem era dia de Portugal e havia festas da cidade de Lisboa.
O Sérgio Godinho tocou e cantou no Terreiro do Paço.
Estava um bocadinho de frio para Junho e até chuviscou, mas nem senti.
O Terreiro do Paço estava cheio de gente e toda a gente cantou, mas nem ouvi.
Quando ele cantou "com um brilhozinho nos olhos" dei um salto em pé, e disse à minha companhia "esta é das minhas preferidas".
E é. 
É mesmo das minhas preferidas.
Cantei. Mal como canto sempre, com sentimento, como canto sempre (mas que compensa o desafinar, disseram-me em tempos!) Sei a letra toda de cor e soube-me a pouco, como me sabe sempre ouvir qualquer música que é minha. 


E depois ele continuou com outras e eu já não sabia as letras todas.
E de repente, começou a cantar que hoje era o primeiro dia do resto da minha vida.
Esta não sabia toda de cor, e cantei mal, mas com sentimento, porque aquela até pode ter sido a noite do princípio do resto da minha vida e isso pôs-me com um brilhozinho nos olhos até chegar a casa!





segunda-feira, 4 de junho de 2012

Swing out (stress!)

Lisboa é stressada?
Eu sei que sou! Se é por ser lisboeta, se é por ser eu... não sei!

Este fim-de-semana libertei (por enquanto!) todo o stress em "rock steps", "swing outs", "triple steps" e mais uns "pass by" pelo meio...  não, não é nada estranho, são passos básicos de Lindy Hop!  

Lisboa recebeu o Atlantic Swing Workshop e nunca mais será a mesma! (http://lindyhoppt.blogspot.pt/)

Começámos na sexta-feira a "picnicar" no maravilhoso Jardim da Estrela com direito a uns passinhos de dança no Coreto e de repente não parámos mais... depois de comer qualquer coisa rápida (e para mais tarde recordar: comer pizza e ir dançar não é boa ideia!), uma festa no Teatro do Bairro (com os "The Green Rabbits"!). 
Aulas no sábado durante a tarde quase toda e nova festa na Comuna (nem houve energia para o jantar lá pelo meio!).
Domingo foi só acordar e logo mais aulas... e tudo acabou num fim de dia cansado, feliz, ainda que um pouco "inchado" 
É que isto de se ser "dançarina" tem o seu quê de violento.. a par de um cansaço que vai dos pés ao cabelo, tenho aqui um pé inchado que me recorda (dolorosamente) as carinhosas pisadelas dos restantes dançarinos! 
Bem.. mas quem dança por gosto não cansa... ou melhor, até cansa, mas não se queixa! (alto pelo menos!)
A prova é que hoje continuo a cantar "Why not take all of me??"


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um contra o outro!

E com a Lisboa como cenário cantam os "Deolinda":  
"Sai de casa e vem comigo para a rua"!  
Vamos? 




Anda, desliga o cabo,
que liga a vida, a esse jogo,
joga comigo, um jogo novo,
com duas vidas, um contra o outro.
Já não basta,
esta luta contra o tempo,
este tempo que perdemos,
a tentar vencer alguém.
Ao fim ao cabo,
o que é dado como um ganho,
vai-se a ver desperdiçamos,
sem nada dar a ninguém.
Anda, faz uma pausa,
encosta o carro,
sai da corrida,
larga essa guerra,
que a tua meta,
está deste lado,
da tua vida.
Muda de nível,
sai do estado invisível,
põe o modo compatível,
com a minha condição,
que a tua vida,
é real e repetida,
dá-te mais que o impossível,
se me deres a tua mão.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Anda, mostra o que vales,
tu nesse jogo,
vales tão pouco,
troca de vício,
por outro novo,
que o desafio,
é corpo a corpo.
Escolhe a arma,
a estratégia que não falhe,
o lado forte da batalha,
põe no máximo o poder.
Dou-te a vantagem, tu com tudo, eu sem nada,
que mesmo assim, desarmada, vou-te ensinar a perder.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.
Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Se eu me fosse embora desta Lisboa ia ter saudades deste sol que agora fica até ás 9 horas da noite.
Ia ter saudades dos passeios com pedras azuis escuras e brancas.
Ia ter saudades das noites, cheias de gente na rua, mas mesmo assim pouco barulhentas.
Ia ter saudades do rio Tejo lá ao fundo.
Ia ter saudades de poder ir a pé a quase todo lado e poder sempre beber um bom café .
Ia ter saudades das ruas inclinadas que custam a subir, mas levam sempre a algum lugar bonito.
Ia ter saudades que me tratem por "menina" e se despeçam com "obrigadinhos".
Ia ter imensas saudades das esplanadas, com as cervejas superbock acompanhadas com tremoços e amendoins!
Ia ter tantas saudades... se eu me fosse embora!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eu subo e desço a rua da alegria, dizem "os Azeitonas".
É uma rua de um só sentido, mas sem direcção, mas, para mim, só tem sentido em contra-mão!
E eu subo e desço, sozinha, mas sei que vou em boa companhia!
Há muitas ruas destas aqui por Lisboa, é só procurar!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eu gosto de escrever.
E gosto de Lisboa.
E gosto de passear, de ver, de ouvir, de comer, de beber, de dançar e gosto de contar tudo.
E gosto de saber que mais de 5000 pessoas já vieram ler os meus gostos!

.
Obrigada.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Pela Lisboa com sol anda tudo a sorrir.
Os lisboetas estão felizes porque parou de chover e podem ir a pé para o trabalho, podem ir para as esplanadas. Já só ouço falar em caracóis, tremoços, sardinhas e cervejas!
E eu já só penso no mar gelado da costa da caparica e naquele cheiro a areia, creme e mar.
Nas tardes quentes em que regresso a casa para um banho frio e reparo que já tenho a marca do biquíni.
E já só penso em pôr os pés descalços na relva.
E já só penso em andar na rua até ás dez da noite e ainda ser de dia.
Em Lisboa com sol eu já ando a sorrir.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Não há mortes certas.
Não há mortes boas.
Alguém que desaparece deixa sempre uma ausência que nem as boas lembranças consegue afastar.
Mas há mortes mais erradas, mais estúpidas... mortes que não fazem o sentido quase sempre impossível na morte.
A do Bernardo Sassetti é uma delas.



domingo, 6 de maio de 2012

Domingo em Lisboa.
Domingo com sol. Sol de Primavera que tardou em chegar.
Uma lisboeta sai de casa, com o ipod nos ouvidos.
Sai no metro da Baixa-Chiado e admira-se que lhe sorriam só porque sim. Sorri de volta, ligeiramente corada, e mantém o sorriso escada rolante a cima, quando quem lhe sorri vai já escada rolante abaixo.
Destino: Largo do Carmo. 
Um amplificador, música de outros tempos, alguns que querem simplesmente dançar.
E dançam.
A lisboeta esquece as muitas pessoas que ali ficam a vê-la e aos outros. Esquece e roda, gira e sorri cada vez mais.
Fim de tarde, o sol já está menos quente, vem terminar o Domingo a casa.
Espera o autocarro e alguém lhe sorri de novo. Não resiste, retribui.
E esse alguém, sempre de sorriso nos lábios, cola na paragem do autocarro uma oferta: 
"Love! 
Just take as much love as you need".
E por baixo, para levar para casa, papelinhos oferecem amor, a quantidade que se precisar.
Esta lisboeta não tira, nem leva, todo o amor que precisa. Deixa-o para os outros, que não tiveram direito a tantos sorrisos neste domingo de Primavera.
 
 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

No Primeiro de Maio em Lisboa houve manifestações.
Em Lisboa no Primeiro de Maio houve gente e mais gente no supermercado Pingo Doce.
E falou-se de crise, berrou-se, criticou-se e gastou-se tempo em tudo e nada!
Eu vi as filas à parta do Pingo Doce. 
Mas eu também vi as filas que desciam a Av. Almirante Reis.
Em Lisboa, gente e mais gente juntou-se por causa do estado do país. Multidões por causa da crise.
De um lado, uma multidão que quis comprar produtos mais baratos. De outro, uma multidão que pediu um país diferente. 
Em Lisboa juntaram-se e tentaram combater, ou esquecer, a falta que o futuro com sol lhes faz. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Pelo sonho é que vamos,

Ontem fui ao "B.leza".
Estava a chover e eu tinha preguiça.
Mas o dia tinha corrido bem, mas a tarde tinha sido boa.
E fui ao "B.leza" ouvir o Norberto Lobo a tocar com o Carlos Bica.
E apesar da chuva, e apesar da preguiça, o tempo passou depressa.
E em frente havia a ponte 25 de Abril, havia o rio Tejo e a chuva.
O dia merecia terminar assim.

E ontem, antes do "B.leza", ainda não conhecia o poema do Sebastião da Gama, mas se conhecesse, haveria de o ouvir entre o contrabaixo e a viola.  

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos, não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Um compasso de espera, um intervalo.
Passeios pela Lisboa e por outros destinos, ditaram umas férias deliberadas destas paragens em forma de blogue.
Terminada a viagem, regressa-se à Lisboa que é a casa.
Com projectos, passeios, concertos e deambulações por aqui e por ali, voltamos aos Fiapos, não esquecidos, apenas adormecidos!
Um adeus e um até já, com umas palavras do Mário de Sá Carneiro (no dia do aniversário da sua morte):

"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
... É com saudades de mim."

Mário de Sá Carneiro ( 1890-1916)