sábado, 10 de novembro de 2012

Cenários de histórias

Ando pelos cenários do livro que ando a ler.
Passeio pelo Born e sento-me na Igreja de Santa Maria del Mar.

Sentada nos degraus da Igreja de Santa Maria del Mar, estava uma rapariga, de lenço ao pescoço e ipod nos ouvidos. Não parecia estar a pensar em nada. Estava distraída a olhar para os vendedores de coisas que brilham e se atiram ao ar. Estava com medo que uma dessas coisas, que no ar parecem muito interessantes e na mão são de plástico barato, lhe caísse em cima. Não reparou no rapaz que a observava do outro lado da praça. 
Ele aproximou-se, consultava ela, mais uma vez, o telemóvel.
Habituada a perguntas sobre horas, compras estranhas, não estranhou quando ele lhe pediu, ainda antes do olá, desculpa por a estar a incomodar. Respondeu que não, e olhou-o com cara de pergunta. Já quase pronta a dizer-lhe as horas em catalão, como tinha aprendido no dia anterior. Ele sorriu e perguntou-lhe, simplesmente, se ela achava que ele estava bem.
Falava um espanhol limpo, sem vestigios de sotaques estranhos, mas ela mesmo assim não percebeu,
bem como?
Ele apontou a roupa, o cabelo. Tudo, disse ele, encolhendo os ombros. Se estou bem.
Não soube o que lhe responder. Estava bem, sim. E queria saber as horas?
Ele respondeu que não, que tinha uma coisa combinada, que sabia que ainda era cedo, mas estava nervoso. Ela passou os olhos pela praça e procurou o motivo do atraso dele e o da espera dela.
Ele, com o que bem que estava, e que tinha sido confirmado por ela, decidiu continuar as perguntas.
Avançou entre gostos, trabalhos e locais da cidade. Passou por bares e museus. Admirou-se por ela conhecer a maioria e, decidido, disse-lhe que havia um que ela não podia conhecer.
Propôs-lhe que lá fossem. Ela voltou a olhar para as coisas brilhantes, uma caiu aos pés dos dois. Perguntou-lhe pelo motivo da espera dele e da necessidade em estar bem. 
Ele disse que ainda era cedo, que havia de chegar, e voltou a perguntar se a podia levar lá. Sorriu.
Ela disse que ia pensar. 
Ele disse que ia gostar. 
Trocaram números de telemóvel e dois beijos.
A amiga dela chegou e a dele não.
Despediram-se, ela corada, ele a agradecer e a sorrir.
Ela não olhou para trás, mas um dia depois tinha uma mensagem no telemóvel.

Sentada nos degraus em frente à Santa Maria del Mar estou nos cenários do livro que ando a ler.

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