sexta-feira, 22 de abril de 2011

pequeno fiapo ao som de uma harmónica...



Acordar, ouvir a chuva a bater na janela, e ao mesmo tempo o som da infância: o amolador de facas, que arranja chapéus de chuva e tesouras.


Lembranças da infância, em que se entregavam as coisas lá de casa para arranjar, em que não se comprava tudo feito ou novo. Em que, em pleno 7.º andar na Avenida 5 de Outubro, se ouvia o som de uma harmónica, que pedia: dêem-me as vossas antigas peças quotidianas, de todos os dias, usadas, familiares, não as deitem fora, eu arranjo-as.


A nostalgia percorre as avenidas novas da grande capital, em especial percorre uma lisboeta que tem esta memória de há duas décadas... e que hoje, de repente, a recuperou com um simples som.


Num dia em que sabe que, algures, alguém gostava que houvesse um amolador que pudesse recuperar uma peça antiga, que a pudesse pôr de novo a funcionar, uma lisboeta senta-se em frente a um computador e recorda bons tempos, ou simplesmente antigos.


Desejando que para tudo na vida pudesse ouvir-se, ao longe, o som de um amolador, a quem se entregasse algo antigo que se quisesse recuperar, não perder e guardar para sempre.





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